História da Aldeia de Amor

A freguesia de Amor encontra-se localizada numa área plana,com 18,2 Km , 10 Km a noroeste de Leiria.Tem uma localização previligiada,pois fica entre Leiria, Marinha Grande e Monte Real,e é atravessada pela E.N.349-1 , por um afluente do Rio Lis e pelo caminho de ferro(pela velhinha linha do oeste).Na actualidade , e baseando-nos nos Censos de 2002,tem cerca de 4743 habitantes,que se distribuem pelos 1820 alojamentos . Os edifícios estão contabilizados em 1726.

Tuesday, December 12, 2006

História do Futebol em Amor

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HISTÓRIA DO FUTEBOL EM AMOR

A nossa juventude foi muito atribulada visto que a vida na aldeia tinha muitas limitações, daí termos tido imensas dificuldades que se reflectiram no nosso desenvolvimento como cidadãos e como desportistas. Não obstante isso foi da nossa geração, nascida nos anos 30, que saíram os percursores do futebol em Amor.

No início da década de 40 o futebol tinha pouca expressão a nível do nosso distrito, embora já se praticasse a nível associativo na Marinha Grande e nos Marrazes. A cidade de Leiria não tinha sequer um campo de futebol e a única equipa que ali existia era a do extinto Sporting Clube de Leiria que apenas fazia jogos particulares e utilizava a parada militar do Quartel da Infantaria 7, junto ao Rio Lis, para treinar e jogar.

A nível nacional, contudo, o futebol era já de grande qualidade e muito divulgado através dos relatos pela rádio e também nos jornais, nomeadamente nos desportivos que entretanto surgiram como “A Bola”, e a revista “Stadium”. Decorria a segunda guerra mundial (1939 a 1945) e a equipa que mais sobressaia era a do Sporting Clube de Portugal, com os célebres cinco violinos (Jesus Correia, Vasques, Peyroteu, Travassos e Albano). Daí praticamente todos os jovens dessa geração terem ficado adeptos deste clube.

Com a chegada da luz eléctrica a Amor, no início daquela década, passamos a ter acesso aos relatos e assim o entusiasmo apoderou-se de meia dúzia de jovens ainda na adolescência, que, mesmo sem posses para comprar uma bola a sério, foram arranjando bolas de trapos, o que não era muito fácil pois a matéria prima incluía meias de mulher ou peúgas de homem e estas não abundavam nas nossas casas. O arraial frente à igreja foi o nosso primeiro espaço para as peladinhas desajeitadas, onde a única marcação eram duas pedras a limitar o espaço do guarda-redes. Nem sequer reuníamos mais que quatro ou cinco para cada lado e quase todos jogavam descalços. Andamos nisto alguns anos até ficarmos rapazes.

Quando terminou a guerra a nossa idade andava pelos 14/15 anos e quase todos do grupo do “pé descalço” trabalhavam já nas fábricas de vidro da Marinha Grande ou no comércio em Leiria. Resolvemos então comprar a nossa primeira bola a sério. Não foi propriamente uma bola de qualidade, mas já imitava as usadas nos jogos a sério, pois era em cabedal e tinha o balão interior em borracha, enchido através de um pipo saliente que era depois recolhido à pressão e tapado com uma rodela de cabedal mais fino.
Para comprar essa bola andamos algumas semanas a colectar 2$50 cada um até atingir metade do valor, quantia que demos como entrada pagando depois o resto em prestações. O investimento foi de 60$00, uma quantia bem grande para a época e que as posses de alguns dos elementos do grupo não deram para cumprir.

Compramos também o livro do Cândido de Oliveira, que era o manual do futebol onde se aprendiam as regras do jogo, incluindo as marcações do campo. Mais tarde começamos a comprar calções (pretos) e camisolas (brancas), muito simples e do mais barato que se encontrava nas feiras. Calçado próprio nem pensar nisso, era muito caro e por isso cada um utilizava as suas velhas sapatilhas ou em raros casos as botas.

Resolvemos então procurar um local para o nosso campo.

Havia na mata do alto de S. Paulo a chamada casa da guarda (ainda lá estão vestígios), outrora reduto dos serviços florestais cuja mata nacional ali chegava até finais do século IXX. Meu avô materno, Francisco Franquinho, foi o último guarda florestal que ali prestou serviço e dali foi transferido para a Mioteira, no interior do pinhal de Leiria (entre o Pilado e a Vieira), precisamente porque na altura os limites do pinhal do Rei foram reduzidos devido ao desenvolvimento da agricultura e à proliferação de povoados entre o vale do rio Lis e os actuais limites que se fixaram desde a Marinha Grande até à foz do Lis, passando pela Garcia, Pilado, Outeiro da Fonte, Carvide, Boco e Vieira.

Em frente da referida casa da guarda (então já transformada em residência de verão da família proprietária do pinhal circundante, mas praticamente abandonada e visitada apenas e muito esporadicamente por um dos herdeiros, vindo das Caldas da Rainha e que era conhecido pelo “Dr. Maluco”), havia um terreno aberto, ligeiramente inclinado e que mesmo sem dimensões adequadas era o único local mais a jeito para iniciarmos a aprendizagem do futebol. Fizemos a limpeza possível e colocamos duas balizas feitas de varas de pinheiro não muito rectilíneas e de dimensões pequenas, a condizer com o tamanho do campo.

Como o terreno desse campo era pequeno e muito arenoso, tentamos outro local, limpando primeiro um terreno no baldio público perto do Reconco e depois outro no local onde actualmente se encontra o campo de jogos de Amor. Estas tentativas acabaram por não resultar devido a ser longe e também arenoso o primeiro e o segundo ser de terreno de barro muito duro, por vezes gretado e ainda por cima rodeado de cardos, uma autêntica praga que furava a bola cada vez que ela saía do terreno limpo.

Regressamos assim ao diminuto e irregular campo da Guarda (como era conhecido) e assim continuamos até à minha partida para Moçambique no início de 1952.

Entretanto o entusiasmo foi aumentando e o “jogo da bola” passou a ser o passatempo da juventude aos domingos. O grupo depressa engrossou até com rapazes mais velhos, alguns com habilidade que eles próprios desconheciam como foi o caso do Silvino Pontes, como guarda-redes, pois defendia muito bem (não é por acaso que seus filhos Victor e Rui Pontes, vieram a ser excelentes jogadores profissionais precisamente nesse lugar). Isso permitiu que fizéssemos jogos já com onze de cada lado e assim fomos ganhando alguma maturidade, sobretudo no plano individual onde um ou outro se destacava.

Como se pode calcular, o futebol que praticávamos na altura era muito fraco e com pouco sentido de equipa. Os defesas (2) preocupavam-se em aliviar a sua zona com pontapés (biqueiradas) para onde estavam virados. Os médios (3) não faziam melhor e os avançados (5) cada um tentava levar a bola até à baliza com a sofreguidão de marcar golo e raramente trocavam a bola com os companheiros.

Esse futebol primário que então se jogava em Amor só viria a sem melhorado quando no ano de 1947 começaram a vir rapazes da Marinha Grande e se integraram no nosso grupo, destacando-se entre eles o Joaquim Carvalheiro, o Matos o Melro e o Manuel da Avó. O futebol incipiente dos rapazes de cá transformou-se completamente graças a esses reforços, pois os forasteiros eram já jogadores experientes, alguns deles até jogavam (ou tinham jogado) em clubes da Marinha Grande. O caso particular do Joaquim Carvalheiro, que foi o primeiro a chegar trazido pelo Manuel Clemente (trabalhavam na mesma fábrica), é o mais significativo pois se tratava de um excelente jogador (também não é por acaso que foi progenitor de um excelente jogador, quiçá dos melhores que até hoje surgiram na nossa terra – o Sezinando), com larga experiência na equipa do Império onde actuou durante vários anos em competições oficiais. Ele era mais velho que nós cerca de dez anos mas ainda em plena pujança atlética com os seus 26 anos. Veio para jogar, mas, curiosamente, acabou por ficar na terra uma vez que aqui casou dois anos depois com a minha irmã Maria.

Com aqueles reforços tudo mudou e pudemos assim organizar um grupo para jogar com equipas das terras circunvizinhas, nomeadamente com a Amieira, Garcia, Monte Real, Picassinos, etc.

Ao campo da Guarda passaram a acorrer não só os jovens da época mas também muitos homens casados para verem os jogos, quer fossem contra equipas de fora da terra ou mesmo entre duas equipas formadas entre nós.

Podemos assim situar o ano de 1947 como o ano de referência do início do futebol a sério em Amor, embora não se possa esquecer a fase embrionária daqueles anos em que o pequeno grupo de jovens entusiastas jogou com bolas de trapos antes da primeira bola a sério e se esforçou na abertura de três campos. Recordo os nomes desses pioneiros:

- Celestino Gonçalves, Urbano Gonçalves, Virgílio Franquinho, Artur Franquinho, Manuel Clemente, António Neto, Luís Jorge, Amadeu Moleirinho, Ismael Santos, Eduardo Santos, Jacinto Duarte, Salvador Gomes, Carlos Gomes, Luís Duarte, Ventura Lopes e Albino Moleiro.

Naturalmente que outros conterrâneos nossos, menos participativos, estiveram também ligados de algum modo ao início da prática do futebol em Amor, sobretudo a partir de 1950. Só que os seus nomes se apagaram da minha memória e por isso peço desculpa de os não mencionar aqui.

Recordo um dos mais emotivos jogos dessa fase inicial já com a equipa reforçada com elementos da Marinha Grande. Foi em 1949, com a equipa de Monte Real, o nosso adversário mais complicado dessa altura e cuja rivalidade entusiasmava não só os jogadores como o público que acorria em bom número a ver os jogos entre as duas equipas. O jogo foi no campo de Monte Real, perto do Hotel das Termas, no local onde actualmente costumam actuar companhias de Circo. Ganhámos por 3 a 0. A foto que possuímos, infelizmente, é muito fraca, mas serve para recordar aquela que foi, efectivamente, a primeira equipa de futebol de Amor, organizada e competitiva.


Amor, 25 de Outubro de 2005
Celestino Ferreira Gonçalves






De pé, da esquerda para a direita: Luís, Clemente (defesas), Matos, Virgílio, Albino Moleiro (médios) e Melro (guarda-redes).
De joelhos, da esquerda para a direita: Mário, Celestino, Carvalheiro, Ismael e Urbano (avançados).

O Hotel das Termas era bem visível do campo pois não havia, como agora, outros prédios no local.

Curiosidades

-Infra-estruturas e Equipamentos
A freguesia de Amor , uma das primeiras freguesias de Leiria a ter luz eléctrica , possui também uma rede pública de água e de telefone . As principais carências são o saneamento básico e uma rede viária bastante deficitária . Das principais infra-estruturas e equipamentos á disposição da população , destacam-se a Junta de Freguesia , O Centro Social da Casa do Povo , o posto de correios , o centro de saúde e a farmácia .

-Cuidados de saúde
O Centro de saúde Arnaldo Sampaio , extensão de Amor tem á disposição da população um médico , um médica a trabalhar em regime de meio tempo e duas enfermeiras . Além do centro de saúde , existe também uma farmácia em actividade desde 1 de Novembro de 1988 que tem á disposição dos utentes dois licenciados e um ajudante técnico .
O centro de saúde encontra-se localizado no mesmo edifício da Junta de Freguesia e funciona entre ás 9:00 e as 13:00 e entre as 14:00 e as 17:30 . quanto á farmácia funciona entre as 9:00 e as 13:00 e entre as 14:00 e as 20:00 .
É também importante referira existência de um laboratório de análises clinicas , na Rua do Rei Lavrador , onde se podem fazer análises às terças e quintas-feiras , entre as 8:30 e as 9:30 .

Posto de Correios
Em Amor existe á disposição da população um posto de correios , com sede no edifício da Junta de Freguesia , sendo este um serviço prestado pela própria junta . O atendimento ao público é efectuado todos os dias úteis das 09:00 às 13:00 e das 14:00 às 17:00 . Pena é , que ainda não estejam disponíveis todos os serviços que existem numa comum estação de correios , pois para enviar uma simples encomenda com mais de 2 Kg , já temos que nos deslocar a Leiria . Uma situação a rever .

Organização Econômica
As actividades que se desenvolvem na freguesia são sobretudo do sector primário , sendo que não existem , ou são muito pouco significativas ,as actividades do sector terciário .Assim , a população sobrevive dedicando-se a agricultura ( 95% são minifúndios e 5%são médias propriedades ) e á pecuária . No sector terciário destaca-se o pequeno comércio local .

História de Amor

Independentemente do nome da terra e da sua origem , um dado certo é a elevação de Amor a freguesia . D.Dinis de Melo e Castro , bispo da diocese de Leiria de 1627 a 1636 , alterou a divisão paroquial , criando as freguesias de Amor , Carvide e Coimbrão . Relativamente á freguesia de Amor , esta foi desmembrada de Santiago ( Marrazes ) em 1630 , uma vez que os moradores não conseguiam ir a freguesia devido ás cheias que inundavam Amor durante o Inverno .

Enquadramento Geográfico de Amor

A freguesia de Amor encontra-se localizada numa área plana , com 18,2 Km , 10 Km a noroeste de Leiria . Tem uma localização previligiada , pois fica entre Leiria , Marinha Grande e Monte Real, e é atravessada pela E.N.349-1 , por um afluente do Rio Lis e pelo caminho de ferro ( pela velhinha linha do oeste ) .Na actualidade , e baseando-nos nos Censos de 2002 , tem cerca de 4743 habitantes , que se distribuem pelos 1820 alojamentos . Os edifícios estão contabilizados em 1726 .A freguesia é composta por doze lugares , sendo eles : Amor , Barradas , Barreiros , Brejo , Casal dos Claros , Casalito , Casal Novo , Coucinheira , Lezíria dos Paus , Ribeira da Escoura , Toco e Vergieira .

Monday, December 11, 2006

Lenda de Amor

O topónimo de Amor continua ainda hoje a gerar grandes contovérsias . Existem várias versões para tentar explicar tão original nome .
A versão que continua a acolher maior recepção junto dos habitantes é aquela segundo a qual o Rei D.Dinis tinha e mantinha aqui uma amante , «A mór» , assim chamada por ser eleita para sua amada .Segundo esta teoria , a designação « A mór »foi sofrendo alterações até se tornar aquilo que hoje é o nome da freguesia “Amor” . No entanto , esta é uma lenda que facilmente é desmascarada tendo em conta alguns factores históricos , nomeadamente o facto de o nome Amor já existir no tempo de D.Sancho II , que foi um Rei que teve um reinado entre 1223-1247 , enquanto que o reinado de D.Dinis foi entre 1279-1325 , ou seja , o nome já existia anteriormente da lenda .
Uma outra versão para tão original nome , é a que afirma que outrora Amor foi navegável destacando-se o que hoje é os Altos de S.Paulo , precisamente por estar situado num alto . Ora , nesta altura chamavam «Almore» a este lugar , o que quer dizer , o “sítio mais alto “. Com o evoluir da língua caem as letras «l» e «e» , ficando o que hoje é Amor . Um outro dado curioso é o facto de muitos habitantes pensarem que Amor antes de ter esta denominação , tinha o nome de “jurumenha” . Segundo esta lenda , se assim se puder chamar , no período das invasões francesas , um habitante da freguesia , cujo nome desconhecemos , foi lutar contra os franceses para o Alentejo , numa povoação chamada “Jurumenha” . Como o soldado conseguiu aquilo que nenhum outro havia alcançado , o rei , para o congratular do seu feito deu-lhe o sobrenome de Jerumenha , para ele o poder passar aos seus descendentes , nome esse que também ficou como nome da terra que habitava , Amor .